terça-feira, 28 de agosto de 2007

A bolha


Ontem fui com uma amiga ao cinema. Assistimos The Bubble (Há-Buah). O filme é imperdível. Impossível sair da sala sem pensar, comparar a realidade dos jovens israelenses e palestinos com o que vivemos aqui no Brasil. Minha amiga acha que é a mesma coisa. Sei não, acho que lá é bem pior.
Certo que não temos como ir e vir a qualquer hora, em qualquer lugar. Mas, de um modo geral, temos mais liberdade. Podemos falar o que pensamos, escrever bobeiras em blogs como este, ser gays, lésbicas, heteros,... o que for. Podemos ter filhos de amigos e criá-los sozinhos. Podemos fazer mais coisas, ir às ruas distribuir panfletos sem levar um tapa na cara.
Impossível também em não pensar em nossas bolhas, nas favelas de cidades como o Rio de Janeiro. Não sei se vc, leitor, já entrou mesmo em uma favela. Não estou falando só de ir na parte baixa, mas em entrar mesmo. Por causa da minha profissão fiz isso muitas vezes. É uma realidade dura, bem diferente do que estamos acostumados.
Uma vez, na Rocinha, abri a geladeira de uma moça, que tinha seus 19 anos e 2 filhos pequenos, e fiquei com o coração despedaçado: só tinham garrafas pets com água e umas folhas de alface. Ela, sem dúvida, vive em uma bolha. Pode sair da favela, andar pelas ruas de São Conrado, falar o que quer e tal... mas ela tem mesmo liberdade? Não sei.
E eu, será que vivo em uma bolha? Na maioria das vezes não, mas não há como garantir que, vez ou outra, a gente entre em uma bolha e fique ali, protegido de alguma forma. São noites em que preferimos ficar em casa a sair com as amigas, em buscar colo na casa da mãe, em evitar lugares. Quem nunca fez isso? Eu já. E digo isso sem problemas. Acho normal entrar em uma bolha algumas vezes. O problema está em não querer sair.
Bem, voltando ao filme... Vale a pena assistir também para conhecer um pouco mais sobre a cultura, forma de pensar e agir de jovens israelenses. Imperdível.

Eis a sinopse: Três jovens israelenses dividem um apartamento em um bairro hippie de Tel Aviv. Lulu, que trabalha em uma boutique de produtos para banho; o extravagante Yali que administra um moderno café; e Noam, balconista de uma loja de música que passa os fins de semana servindo em um posto de fiscalização da Guarda Nacional. Quando Noam se apaixona por um palestino chamado Ashraf, ele e os amigos decidem ajudar Ashraf a ficar ilegalmente em Tel Aviv. Participam de uma manifestação na praia celebrando uma coexistência pacifica, e pedindo um fim à ocupação de territórios palestinos. Mas no final das contas, a utopia cuidadosamente construída por eles é quebrada pelas realidades políticas e sociais do Oriente Médio, e as constantes explosões de violência.

PS: Ver homens lindos se beijando, transando e fazendo declarações de amor é que é dose dura rs.

3 comentários:

Ariane Ogeda disse...

Sinto isso, Rê! Vc é fonte de inspiração em outras áreas tb. Tb é uma águiazinha, hehehehe. Não pense que vc passa despercebida. Nao mesmo! Beijocas!

Surfista disse...

Hmmmm... Romeu e Julieta gay e no contexto Faixa de Gaza. Só faltava ter um cristão de Jerusalem na trama. Pensando bem, melhor não.

Surfista disse...

24 horas sem um post? Impressionante!