domingo, 26 de agosto de 2007

'A pior vontade de viver'


E aí, já leu a crônica da Martha Medeiros na revista O Globo de hj? Não??? Bem, não vou ficar copiando os textos dela, mas o de hj é bem inspirador. Fala sobre a pior das nossas vontades. Fiquei feliz por descobrir que tenho esta tal 'pior vontade de viver' que ela tão bem descreve.

Estou mesmo numa fase onde não estou disposta a negociar minhas vontades com as de outra pessoa. Acho que não vale a pena o esforço. Bem, pelo menos não valeu até agora. Estou enfrentando, arriscando, ousando. Fazendo coisas nunca imaginadas.

Tenho vivido os momentos como se eles realmente fossem o último. Um dia vou acabar acertando mesmo. Pra que o desespero com coisas que não podemos mudar? Pq deixar de viver coisas só pq a sociedade condena? E minhas vontades? O que faço com elas?

Não estou saindo por aí matando ou roubando. Tenho satisfeito pequenos caprichos. Como todos, eu acho, quero ser amada, desejada. Nem que seja por algumas horas. Alguns dizem: 'mas vc não acha isso.. ou aquilo?' De verdade? Não! Eu não quero achar nada. Eu quero mais é viver.

Tenho pensado muito sobre a morte. Apesar de ser a única certeza na vida (a de que vamos morrer), temos o péssimo hábito de esquecer este 'pequeno' detalhe. Quer dizer, temos não. Eu, por motivos que não cabem aqui, tenho convivido com a morte de perto.

Por um longo tempo da minha vida, não soube como tirar proveito. Acabei aceitando coisas que não queria, que eram bem diferentes do que havia desejado, apenas pelo pensamento idiota: 'tudo bem, é melhor aceitar isso.. vai que não tenho muito tempo'.

Cabe esclarecer que este foi, durante todo este longo período de hibernação, um pensamento secreto. Eu não tinha mesmo consciência disso. E, mesmo sem ter clareza, fazia, ou deixava de fazer, algumas coisas por causa da possibilidade real, presente e, pq não dizer viva, da morte.

Bem, passado algum tempo e algumas sessões de análise, percebi que ter a plena noção da morte é bom e que devo tirar proveito disso da melhor forma possível. É exatamente o que tenho feito nos últimos 10 meses. Me entreguei à vida, ou melhor, à morte.

Hoje, faço o que tenho vontade, sem pensar muito em convenções sociais, no que os outros consideram certo ou errado. Não fico presa às vontades e sonhos que tive na adolescência. Vivo o hoje, o agora. Só falta um pequeno passo para me libertar completamente: ter menos expectativas. Tenho tentado, é verdade, mas ainda falta algum aprimoramento.

Sei que parece idiota dizer que não quero ter expectativas, nem sei se isso é possível, provavelmente não. Mas, ok, se é para ter expectativa... que ela seja pouca, quase nula. Assim, o que vier é lucro.

Não quero dizer com isso que estou abrindo mão dos meus sonhos. Pelo contrário. Tenho cada vez mais claro o que desejo na vida. E não estou falando de coisas genéricas, e que todos querem, como felicidade, dinheiro, saúde, paz e amor. Tenho em mente coisas reais, paupáveis. Sonhos que, certamente, se tornarão realidade. E tudo, por ousadia. Por ter a 'pior vontade de viver', como bem disse Clarice Lispector.

Nenhum comentário: