segunda-feira, 31 de março de 2008

A vida de Flávio Lúcio

Ele está beirando os 30 anos. Solteiro convicto, Flávio Lúcio adora noitadas regadas à cerveja e samba. Sempre que pode sai com os amigos. Tem muitos e demonstra uma saudável, ao que tudo indica, relação com eles. Flávio Lúcio pode, sem dúvida, ser chamado de companheiro.

Filho único, ele é do tipo que faz tudo para agradar a mãe e, se preciso for, leva a avó na missa de domingo. Um fofo, diriam. Profissional respeitado e dedicado, ele leva trabalho pra casa, quando preciso, claro.

Nos fins de semana, o Maracanã é um dos seus destinos preferidos, sobretudo nos jogos do Flamengo. Sempre acompanhado dos bons e velhos amigos.

Alto e moreno chama atenção. Não por sua beleza física, nem por cuidados com o corpo. Aliás, a barriga dele está longe de ser sarada, tem aquela forma arredondada típica dos homens mais velhos. Mas tudo bem, ele não está nem aí pra isso e, sinceramente, acho ótimo. Flávio Lúcio é homem com H maiúsculo, longe dele passam os cremes hidratantes ou pinças para afinar sobrancelha. Ali não tem nada de metrosexualismo. Vai, no máximo, um perfume. 212 para ser mais precisa.

Na noite, entre um copo e outro, dá uma paquerada de leve. Sempre com bom humor, uma de suas marcas registradas. Nem sempre tem sucesso em suas investidas, mas tudo bem... o que vale é tentar. Até porque não é preciso investir muito. Sabe-se que, no fim da noite, a diversão está garantida. Flávio Lúcio possui a lendária agenda de telefones. E faz uso dela com vigor. Mas em tempos modernos, sabe como é né, nada de papel. A agenda está no celular mesmo, apetrecho tão ou mais importante que os amigos.

Algumas mensagens e pronto: a noite só termina às 9h. Geralmente com o telefonema de alguém. Por vezes a mãe. Outras, amigos. Sempre os amigos, velhos companheiros. Uma vida perfeita diriam. Mas, sei lá, a mim parece um pouco triste. Não que a liberdade, sobretudo sexual, não seja bacana. Mas esta rotina: trabalho-casa-bar-celular-mulheres-amigos-casa me parece um tanto vazia.

Sim, Flávio Lúcio parece se divertir. Sai pra caramba, ri muito. Mas será que ele se sente mesmo completo? Isto me intriga. Há algum tempo, Flávio Lúcio se exilou. Explico: o trabalho no exterior o isolou do contato quase que diário com amigos e parentes. Seu aniversário, disse ele, foi sombrio, solitário, lagrimoso. Por isso, desde que voltou, há quase um ano, Flávio Lúcio tem se esforçado e dedicado boa parte do seu tempo à boemia. Mas e o vazio e a tristeza relatados no exílio? Será que ficaram na alfândega? Ou será que estão latentes?

A meu ver, saltam aos olhos. Saltam ao toque. Mas, tudo bem, ele se nega a enxergar. Não serei eu, a não ser que ele leia este blog, que vou ser a primeira a avisar: "Ei, sua felicidade está escapando pelos dedos". Sim, Flávio Lúcio diz gostar de uma menina. Mas, talvez por medo, não se entrega. Seus olhos dizem o que sentem com mais facilidade e sinceridade que sua boca. Ele nega, prefere esconder. Ok, cada um sabe de si. O fato é que o tempo é implacável, passa para todos. E não há cerveja suficiente que mude o rumo da história. Espero que Flávio Lúcio esteja mesmo sendo feliz....

Nenhum comentário: