segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Dores da vida

Hoje está sendo um dia doloroso. Sinto dores físicas e emocionais. As físicas é por um motivo óbvio. Ontem, depois de 15 anos, decidi andar de bicicleta. Fui de Botafogo a Glória. Pedalei muito. Foi ótimo, mas o efeito foi devastador. Meus braços estão doendo, as pernas também. Pior, a virilha, quer dizer, a minha xereca (ops, não era pra falar isso aqui) tb está doendo. Pq será que aquele banco é tão desconfortável? É para eu não andar mais de bicicleta? Bem, pouco importa, decidi que vou pedalar, ao menos, 3 vezes por semana. Veremos...

.. já as dores emocionais estão relacionadas à perda de uma amiga muito querida. Uma vizinha, que considerava uma tia, faleceu ontem à tarde, de câncer. Fiquei até as 22h no velório. Pra mim, o pior não foi vê-la no caixão, mas acompanhar o sofrimento dos filhos. São 3, o mais velho tem uns 25 anos. Há exatos 11 meses eles perderam o pai, que era como um irmão para o meu pai.

Lembro que qdo meu pai morreu, Marcos e Angela foram as pessoas que mais deram apoio à minha mãe, à minha família. Adotei eles como tios, sempre presentes, preocupados e tal. Em outubro do ano passado, cansado de ver a mulher sofrer de câncer por 7 anos, Marcos não aguentou, enfartou e morreu, em casa, como meu pai.

Eu chorava tanto no velório dele que as pessoas vinham me consolar como se eu fosse mesmo um parente. Eu chorava pela perda, pela situação, por ver Angela, que mal conseguia ficar em pé por 30 minutos sem sentir dor, ali, em pé, ao lado do caixão, olhando 'umas últimas horas', como ela mesmo definiu, para aquele que tinha sido o grande amor de sua vida. Chorava pelos filhos que perdiam o pai e que já tinham a sentença de morte da mãe.

Lembro que, na época, eu que sofri muito por uma separação, repensei minha vida. Vi que aquilo sim é que era problema. Senti vergonha por ter perdido noites chorando por um cara que não valia uma lágrima.

Ontem, às 22h, no cemitério, vendo aquele corpo em uma caixa de madeira, com as mãos enlaçadas a um terço, uma figura frágil. Vendo os filhos, que nem chorar conseguiam. Diante de todo este quadro triste, senti, mais uma vez, vergonha.

Sim, eu sei que todos os problemas, por menor que sejam, são importantes. Mas, na boa, nada se compara ao drama que vive esta família tão próxima e querida por mim. Senti vergonha por chorar pela minha doença e por tantas outras coisas babacas e efêmeras.

O que fazer agora? Além de rezar, ajudar aos que ficaram vivos, dar apoio, o ombro, os ouvidos e toda assistência que estiver ao meu alcance. Até porque, a gente só pode mesmo ajudar aos que estão vivos.

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