sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Não me peça....

.... para ficar calma. Não diga que não é nada. Nem que vai passar. Hoje não. Me deixe sofrer. Sim, eu sei que tudo passa, mas me reservo o direito a chorar e arrancar todos os meus cabelos no dia de hoje. Há pouco mais de uma hora estava na minha dermatologista e ela constatou o que eu já temia: minha doença (esclerodermia) está ativa.

Sim, depois de 10 anos de estagnação, umas manchinhas voltaram a nascer. São pequenas e não deveria me preocupar muito. Mas, na boa, isso é impossível. Só de saber que a doença tá ativa fico pensando: será que vai se transformar em sistêmica? Já marquei a reumatologista para segunda-feira. Os exames que ela vai me passar irão determinar isso. Se for verdade, a morte é mais real e próxima do que nunca.

Sim, eu você, todos nós vamos morrer um dia. Talvez hoje, sei lá. Nunca sabemos. E por não sabermos levamos a vida como se a morte não fosse uma possibilidade. Ser lembrada disso é que é o problema. Por isso me reservo o direito de chorar.

Sei que é uma doença diretametne ligada ao meu estado emocional e passei por muitas decepções no último ano. Impossível não ligar uma coisa a outra. Tenho vontade de xingar umas pessoas, de mandá-las tomar no cú. Mas isso não resolve, não me cura.

Vou fazer o possível. Começo o tratamento, que é horrível, às 9h de segunda e às 11 vou na reumato.

Pq estou escrevendo sobre isso aqui? pq é a forma mais rápida de contar a todos os meus amigos o que está se passando. Não quero falar sobre isso, não agora, não pelo telefone. Não me sinto preparada. Até pq já sei o que vou ouvir. As pessoas vão querer me consolar. É natural, comprensível. Foi o que minha mãe fez. Foi o que minha irmã, que é médica fez. Elas dizem que não posso me estressar, que faz mal. Sim, eu sei que faz mal, mas preciso de um dia ao menos pra chorar, pra sofrer.

Minha irmã me pediu calma, mas ontem ela deu um ataque com sua filha, de 2 anos, pq a pobre menina encostou no pé dela que estava dormente. Na boa, não venha me pedir calma, paciência. Depois, ela sacou que não me consolou e já me ligou 3 vezes, em menos de 40 minutos, para dizer que me ama. Sim, é fofo, é lindo, mas isso me deixa mais triste. Parece mesmo que vou morrer.

Minha mãe quer que eu vá pra casa dela à noite. Não sei, acho melhor beber e tentar esquecer. aproveitar a vida. Sim, eu sei que isso não resolve, mas ajuda. Sim, estou me expondo, mais uma vez, mas OK, não me importo. Aliás, me importo cada vez menos com o que os outros vão pensar de mim. Impossível não relativizar as coisas, a vida. Queria poder viajar.

Um comentário:

iulo disse...

olha, renata, eu mal te conheço e sei que tudo que você não quer é aquele bla bla bla de consolo. mas saiba que eu li e sinto muito por isso, de verdade. e espero mesmo que não sejam mais que pontos. minha mãe tem vitiligo, então eu sei ao menos um pouquinho, assim uma pontinha, como é esse lance de doença de pele. fica bem.