domingo, 7 de setembro de 2008

Sobre a felicidade....

....o caderno de Economia do JB trás hoje uma matéria mostrando que, segundo a FGV,em mais de 132 países, para cada 100% de aumento de renda a felicidade geral das nações sobe 15%. Eu acho pouco, mas isso é só a minha opinião né. Achei que dinheiro trouxesse um pouco mais de felicidade, sei lá, uns 30%. Dizem até que dinheiro compra felicidade, não concordo 100% com a frase, mas achei que os ricos fossem mais alegrinhos. A matéria trás tb um artigo sobre o tema de Rodrigo de Almeida, editor executivo aqui do jornal. Concordo com cada linha (vou grifar o que é mais significativo pra mim). E vc, o que acha do tema?


"Para Platão, felicidade pressupõe desejo. Desejo, ensina Santo Agostinho, pressupõe esperança. Esperança, diz Jeremy Bentham, pressupõe prazer. Prazer, recomenda Freud, pressupõe sofrimento. Sofrimento, sugere o bom senso, pressupõe resignação ou ação – que torna as pessoas mais ou menos felizes ou infelizes.

Esse círculo de causalidades e paradoxos é um dos exemplos de como este sentimento moral, buscado e refletido universalmente como poucos, constitui um terreno pantanoso para quem espera alcançá-lo ou para quem pretende estudá-lo.

John Stuart Mill dizia que ninguém é o melhor juiz de si mesmo. Mas pergunte a qualquer um e qualquer um responderá algo, abrirá um caminho próprio, enxergará a trilha capaz de conduzir-nos ao paraíso. "Os homens todos, sem exceção, desejam ser felizes", escreveu Pascal – para citar mais um autor. "É esse o motivo de todas as ações dos homens, inclusive dos que vão se enforcar". Tudo bem. Mas a distância entre o desejo e a prática é que são elas.

Na história das idéias, há uma infinidade de concepções de felicidade. Há de tudo e para todos os gostos. Filósofos gregos esperavam alcançá-la por meio da virtude ou da sabedoria. Os cristãos sempre creram na ventura adquirida com a fé. Os iluministas, com o progresso e a razão. Outros, como Kant, Schopenhauer, Sartre e Heidegger, achavam impossível sua realização. Rousseau a via como algo incompatível com a civilização. Freud, idem. Economistas a tornaram o fetiche do crescimento econômico. Outros, associados a psicólogos sociais, dedicam-se ao campo da teoria econômica conhecida como Economia do Bem-Estar.

Não se confundam tais nomes com a enxurrada de livros de auto-ajuda que sufocam felizes e infelizes em geral. Aliás, para cada sujeito infeliz – porque a vida pode ser bacana, mas é também entristecedora – haverá sempre uma tese, um pensamento, uma linha dissonante, uma proposta concordante sobre, afinal, o que é isso de que tanto se fala.

O capitalismo ocidental – em geral, consumista, hedonista e individualista – transformou a felicidade em maná editorial. Há dois anos, quase 4.500 livros com a palavra happiness na capa eram oferecidos pela Amazon à sua clientela. Dá para desconfiar, não?

Não deixam de ser auspiciosas as pesquisas que colocam os brasileiros na linha de frente do que se chamaria um povo feliz – ou num patamar elevado de esperança em relação ao futuro. A felicidade, diga-se, é a prima rica da esperança. A combinação dos dois sentimentos morais é benéfica, especialmente se não resultar naquele tipo de sonho paralisante, que anestesia as potências criativas que todos em algum canto da alma ou em algum momento da vida são capazes de possuir. Ao pé do farol não há luz, convém lembrar.

Mas nessa discussão toda, é preciso atentar para os riscos do que alguns autores chamam de "dever de felicidade" do mundo contemporâneo. É uma obrigação, esta sim, promotora de infelicidade e frustração. Há de se ter o direito a ser infeliz.

Ou, como disse o psicanalista Contardo Caligaris, em entrevista recente ao JB, a felicidade tem muito mais a ver com a sensação de ter uma vida plena, na qual realizamos todas as nossas potencialidades, e com o sentimento de viver a vida com intensidade (reconhecendo e saboreando seus altos e baixos), do que com uma idéia de satisfação plena.

Não se trata de mais uma tentativa de definir o sentimento, vício da maioria, mas de pôr um quê de dúvida onde se tenta vender certeza."

2 comentários:

Karla Rúbia disse...

amiga, o blog tá tão cleannn...

Anna Luiza Guimarães disse...

Felicidade é o que irei sentir no próximo dia 20!!!! hahahaha!